25 de abr. de 2009

Os Cartazes - Parte III - Os Polêmicos


Recentemente o cartaz do filme 'Zack and Miri Make a Porno' (que aqui teve um título destruidor que eu prefiro nem repetir), foi proibido nos EUA. Embora os personagens estivessem perfeitamente vestidos, há uma sugestão de sexo oral. O filme de Kevin Smith possui diálogos engraçadíssimos sobre o mundo do cinema e é tão simpático que até temos uma Traci Lords (deusa-pornô da década de 80) completamente vestida, entretanto, tiveram que mudar o cartaz, como o seguinte texto 'Seth Rogen e Elizabeth Banks fizeram um filme tão excitante que nós só podemos mostrar esse desenho”, enquanto os atores estão lendo um livro numa floresta encantada. Claro que não é a primeira vez que isso acontece.
Ano passado o filme Diário de uma Ninfomaníaca teve seus cartazes devidamente retirados das estações de metrô de Paris. E nesse caso nós perguntamos: - E como ficam os comerciais de roupas íntimas da Victória´s Secret? Dizem o que problema foi o título.
Os europeus possuem essa fama de “liberais”, mas (como perdão do trocadilho) com eles o buraco também é mais embaixo. Lembro da polêmica que se criou sobre o filme Je vous salue, Marie, aquele filme que foi até proibido no Brasil porque contava a estória de uma Maria moderna que estava grávida de um messias. Tudo muito trivial, porém, esta Maria aparecia nua e o futuro profeta era um “capetinha’. O cartaz ajudou na controvérsia do filme e gritava “ Ei! sou polêmico”. Lembro que não gostei do filme, hoje sabendo que o diretor foi o renomado Jean-Luc Godard, acho que teria que rever os meus conceitos.
Outro diretor famoso que também sofreu retaliações por causa de um cartaz foi Costa-Gravas e o filme foi o excelente Amén. Símbolo nazista, um termo católico, um nazista e um padre, Acho que só os judeus e os muçulmanos pegaram o espírito da coisa.
Os filmes Wonderland e Ken Park, possuem como um dos seus temas principais; o sexo. O primeiro conta a trajetória do o ator pornô John Holmes morto em 1988, vítima de Aids e que ao longo de mais de 2 mil filmes, fez nada menos do que 10 mil mulheres (e alguns homens) felizes à custa de seus, digamos, dotes naturais. E são esses dotes que aparecem na capa do filme. Claro, para quem conhece a capa do disco do grupo Rolling Stone, sabe que nada se cria tudo se... O segundo estampou simplesmente um garoto fazendo sexo oral em uma mulher (matura) e gostosa. Nos dois casos os cartazes pegaram o espírito do filme, o primeiro é explosivo e o segundo de mau gosto.
Por fim, o irretocável Brokeback Mountain. Um cartaz simples que até poderia ser um desses cartazes de filme de “bang-bang”, mas a polêmica do tema, que aborda a história de dois vaqueiros que vivem um romance proibido por 20 anos,veio antes e em países como o Japão, o cartaz foi proibido. Em alguns países colocarem os casais (heteros!) devidamente juntos e feliz. Imaginem a decepção de quem foi assistir pensando que se tratava de uma continuação de ... E o vento levou. Eu pagaria para ver.

18 de abr. de 2009

11 de abr. de 2009

Os cartazes - Parte II

Vamos para mais posters preferidos. Agora são aqueles cartazes que saiam em forma de ficha na revista SET, que por sinal, lançou seu ultimo número este mês. Colecionei a revista desde o primeiro número (1987) até o ano de 2004, sem sombra de dúvida foi meu melhor amigo (ou amiga) de infância. Durante muito tempo a revista trouxe oito fichas de filmes de várias épocas, depois (acho que no início de 2000), passaram a ser só quatro e por fim sumiu. Recentemente apareceram novamente, mas apenas os filmes mais modernos. A preocupação com a ficha técnica e as notas que vinham atrás dos micro-posters eram um deleite para qualquer cinéfilo. Os cartazes mais antigos eram originais, isto é, com grifos em inglês, frances ou alemã (dependendo da nacionalidade). O primeiro que eu me lembro é d´O homem elefante, do David Lynch, em preto e branco, como o filme o é. Passei um bom tempo imaginando como seria o rosto do John Merick e imagino que era essa a intenção do autor do cartaz, despertar a curiosidade. Espaçou-se mais de vinte e cinco anos para assisti-lo. Esse ano conseguir retirar o capuz do filme, perfeito. Outro cartaz em preto-e-branco é do filme Singles (vida de solteiro), o filme ao contrário é muito colorido e alegre, nas a intenção era passar a idéia daquele grupo que usava camisas de flanelas e ouviam músicas de grupos de rock de Seattle. The rocky horror pucture show e Crimes de paixão são simples e deliberadamente provocantes, o primeiro até lembra o de Garganta profunda, o segundo é estrelado pela Kathleen Turner, nunca mais esqueci a China Blue e seus encontros sexuais.
O cartaz de Brazil (de Terry Gilliam) é uma obra-de-arte, o curioso é que em outros países o cartaz foi diferente, grotescamente inferiores.
Febre da selva (de Spike Lee) e Platoon (de Oliver Stone) tentam divulgar a alma do filme e conseguem ser poéticos e polêmicos (se referindo aos americanos, é claro!). O de O povo contra Larry Flynt foi proibido logo na primeira semana, lembro que até a SET o quis na capa, mas não deu, era ofensivo demais, mais o que colocar no cartaz do filme que era a biografia do dono da Hustler , a revista mais ginecológica na América? Lembrei do cartaz de Matador (que também demorou alguns anos até desvendá-lo) e o de O Amante, tão terno que esquecemos que se trata de um filme com um tema meio pedófilo.
Um dos melhores site voltado só para essa arte é o IPM Awads que publica todos os cartazes que saem por aí (até mesmo os promocionais de seriados e minisséries americanas, que em alguns casos estão superando até os dos longas) e todo ano elege os melhores, segundo os mesmo os requisitos são essencialmente design gráfico e apelo ao público, esses são os vencedores dos anos de 2000 a 2008. Você concorda?

9 de abr. de 2009

Os cartazes - Parte I
























Uma coisa que sempre me fascinou foi cartaz de filme, ou o famoso “pôster”. Não existe definição melhor do que dizer que eles são os primeiros comerciais de um filme, digo ‘primeiros”, porque há muito tempo as distribuídas estão criando mais de um, e depois, claro, aparecem os famosos trailers. Mas no princípio era o cartaz.
Um dos primeiros que vem à minha mente é o cartaz do filme “A filha dos trabalhões”, não por acaso, foi o primeiro filme que eu assistir no cinema. A história é engraçada. Minha mãe queria fazer compras na Rua Grande e resolveu me deixar no Cine Passeio (que Deus o tenha!), pois eu não queria sair da frente do pôster. Depois de conversar com os bilheteiro ficou acertado do mesmo me posicionaria na ultima fila, perto da entrada, para facilitar a procura quando a minha mãe voltasse. E então as luzes se apagaram.
Fiquei maravilhado, não pelo filme (que era muito engraçado, pelo menos eu achava!), mas pela própria estrutura daquele prédio, aquelas caixas de som, as milhares de poltronas (assim eu via, ou imaginava) e claro, aquela televisão de 10 mil polegadas. O que era aquilo? Para um menino que até então só assistia filmes (muitos, á propósito) em uma TV de 14, aquilo era o paraíso. Ninguém batendo na porta, ninguém mandando você almoçar, ou jantar, ou dormir, ou respirar. Ninguém, só você e um mundo que alguém criou e que durava uma hora e meia. Fiquei tão deslumbrado que, quando a minha mãe chegou (atrasada, já que eu estava assistindo a sessão seguinte), ela não me encontrou na poltrona que o bilheteiro tinha dito que eu estava. Houve certo “PÂNICO”, algumas pessoas me procurando e só alguns minutos depois é que eu percebi uma lanterna iluminando o meu rosto. Eu estava na primeira fila e tinha sete anos de idade. A partir desse encontro, que se transformou em uma paixão avassaladora e dura até hoje, a primeira coisa que indicava e indica os nossos constantes encontros é o cartaz fixado em uma moldura de vidro na porta do cinema.
Os pôsters de cinema possuem sua história, antes não existiam trailers e toda a publicidade era feita através do cartaz e das fotos promocionais que chegavam poucos dias antes do filme ser exibido, era na maioria desenhos (muitos realizados por grandes artista mundiais), quase sempre dos rostos dos protagonistas, depois começou a ser utilizados técnicas encima das fotos das personagens e mais tarde as fotos propriamente ditas. A década de 70 foi a mais crua, sem muita “frescura’; foto, título, subtítulo e pronto!. A de 80 é a mais fraca nos E.U.A, a mais sensual no Brasil (quem não se lembra das obras adaptadas do Nelson Rodrigues e do Jorge Amado) e as mais criativas na Europa (na minha opinião, claro) e a de 90 a de transição. O século XXI trouxe um design de posters e de cartazes promocionais sedento em aproveitar as mais sofisticada tecnologias para impactar o público cinéfilo, mesmo porque, surgiram vários programas que ajudam até um amador a criar um cartaz para o novo filme do Coppola.
Se você parar para refletir, os cartazes muitas vezes, nos impulsionam. Que jogue a primeira pedra quem nunca levou uma “bomba” para casa depois de passar em uma locadora e escolhei um filme só por causa da capa, e não estou falando de filmes eróticos.
Recentemente uma revista escolheu os cem melhores cartazes de todos os tempos, concordei com esses que estão aí. Claro que deve ter havia vários critérios, como; aspecto histórico, design gráfico, a velha e insubstituível criatividade e o fascínio que a obra causa nas pessoas. Fascino, só isso pode justificar a presença do cartaz do filme Showgirls entre os laureados.
Por coincidência, ele já estava entre os que eu tinha escolhido como os meus preferidos. Houve até uma polêmica por causa da denúncia de um certo plágio, pois já havia uma obra parecida e também, claro, os americanos torceram os seus narizes arrebitados e não aceitaram o cartaz. Lembro dos meus amigos do Liceu ficarem babando diante do cartaz, até eu o queria.
Entre os premiados, sou apaixonado pelo de Laranja mecânica (quem não é?), Beleza americana (simples e triunfal), Nosferatu (apesar de nunca ter assistido ao filme),Dogville, Pulp Fiction (também gosto do Kill Bill) e Um corpo que cai. Entre as coincidências estavam O ultimo tango em Paris e O exorcista , dois pôster que, por se só já nos oferecem uma amostra do que vem pela frente.
Estranhamente alguns dos filmes que eu mais gosto tiverem cartazes duvidosos, os musicais Fama e Flashdance são exemplos. O primeiro (apesar de possuir um outro com um casal ao piano) só tinha o nome do filme, o segundo era um enorme fotografa com a “Alex” descansando, nada que um bom “boca a boca’ não resolvesse e os filmes se tornassem fenômenos de bilheteria.
Outros dois cartazes que me fascinaram foram os de “Drácula” (pensei até em quebrar o vidro do Cine Passeio) e o de Beleza Roubada, na qual alguns garotos alemães não só pensaram, mas roubaram todos os cartazes em que a Liv Tyler estava fazendo aquele ‘biquinho” lindo. O filme é do Bertolucci, e pensando bem, todos os cartazes dos filmes do diretor são fantásticos, veja o do Pequeno Buda e Os sonhadores e digam se estou errado.
Os cartazes de Magnólia e Paris, eu te amo, já nos oferece uma pequena porção do que iremos encontrar, são duas obras de arte, sem dúvida. Também gosto muito dos posters de O silêncio dos inocentes e Notting Hill, são exemplos de cartazes que você não entende muito bem, porém, quando saímos do cinema os vemos com outros olhos. E por fim os cartazes do Pedro Almodóvar, todos muito criativos, coloridos, espalhafatosos, geniais...Como tinha que escolher só um , escolhi o de Volver. E os seus , quais os pôsters da sua vida ?