18 de jan. de 2011

Uma música: Dreams



Sonhos

Brandi Carlile

Sonhos, sonhos que tenho quando estou acordada quando estou dormindo

E você, você está em meus sonhos

Você está debaixo de minha pele, como eu sou tão fraca

E agora nos meus sonhos

Eu posso sentir a espera, eu só posso vir limpo

Eu guardo-o para mim, eu sei o que significa

Eu não posso ter você, mas eu tenho sonhos

Quanto tempo, você pode segurar a respiração?

Você consegue contar até dez, você pode deixá-la passar?

Para manter, você pode mantê-la em?

Mantê-la atrás de cílios, você pode fazer isso durar?

E agora nos meus sonhos, posso sentir o caminho

Só posso vir limpo

Eu guardo-o para mim, eu sei o que significa

Eu não posso ter você, mas eu tenho sonhos

Ah, eu tenho sonhos, tenho sonhos

solo.

Mente, você pode ler minha mente?

Tem que se desfazer, estou mostrando a sinais?

E agora, nos meus sonhos

Eu posso sentir a espera, eu só posso vir limpo

Eu guardo-o para mim, eu sei o que significa

Eu não posso ter você, mas eu tenho sonhos

Eu tenho sonhos, eu tenho, eu tenho, eu tenho sonhos

Uns pôsteres: do filme Cisne Negro

Cisne Negro é um daqueles filmes na qual o trailer parece dizer tudo. Nem as próprias imagens do filme dirão tudo, meus caros amigos. Porém, por incrível que pareça, os pôsteres são, em si, mensagens sublinhares. Apenas Nina (a personagem de Natalie Portman) nos é apresentada, apenas a bailaria que tem que ultrapassar seus limites físicos e psicológicos para representar os cisnes branco e negro nos é sedutoramente esculpida.







Um Paper: Sobre o Homem segundo Nietzsche


O HOMEM QUE ESCAPA A SI MESMO

Flaviano Menezes da Costa1

1 INTRODUÇÃO

No primeiro ensaio da obra A Genealogia2 da Moral, o filósofo alemão Friedrich W. Nietzsche descreve como os genealogistas da moral3 mudaram o conceito de bom, direcionando-o apenas para os não-egoístas que pensavam, acima de tudo, no bem-estar do próximo.

Como dedicado filólogo, Nietzsche teve a preocupação de ir buscar referências etimológicas das palavras “bom” e “mau” e seus ajuntamentos com os indivíduos da sociedade (nobres, plebeus, escravos, etc.). A constatação foi que, criou-se a palavra “bom” no âmbito adjetival da nobreza e a palavra “mau” para qualificar aqueles que não faziam parte daquele grupo social, algo remodelado pelo Império Romano com a chegada do cristianismo.

No segundo ensaio, Nietzsche analisa a educação do homem, esta que é, para o filosofo, intercalada de “moralidade de costumes” por todos os lados, criando algo parecido como “uma camisa de força imaginária”, resistente nas vontades próprias desses indivíduos, tornando-os desconfiáveis. O filósofo discorrerá também sobre como podemos aprender com a dor, como a justiça vem do ressentimento (“a justiça é igual à vingança”) e a origem da má-consciência.

Na terceira parte, há uma crítica aos ideais ascéticos, que seriam precisamente aquelas ideias que constituem a tradição metafísica que ele deseja, de algum modo, superar. Denunciando o ascetismo, Nietzsche tentará superar o dualismo da tradição metafísica, que envolveria não só a questão do espiritualismo, mas também da ascendência dos instintos, da vontade de poder e dos ideais de ascendência social através da transvaloração de todos os valores.

O homem livre será aquele que, enquanto livre e excessivo, tem uma melhor consciência, não precisando assim, avaliar o objeto de maneira falsa. Por outro lado, a má consciência estará sempre presente no homem definido como “ressentido”.

Segundo Nietzsche, não podendo dar vazão aos seus instintos (por estar em sociedade), carrega para dentro de si todas as suas angustias, anseios e esperanças. Esse afastamento do homem de seu passado animal e a internalização de seus instintos o tornam um ser doente, sendo que, tal sentimento de culpa que dará origem a ideia de Deus.

[...] Reina então a convicção de que não persistiu na sua duração a espécie, senão em virtude dos sacrifícios e invenções dos antepassados, e que deve pagar-se esta dívida em sacrifícios e em invenções; reconhece-se, pois, uma dívida, cuja importância vai aumentando toda a vez que os antepassados subsistem como espíritos poderosos que não cessam de interessar-se pela sua raça e de lhe concederem novos bens e novos progressos. [...] (NIETZSCHE, 2007, p.55)

Não há dúvida que, para muitas sociedades, foi o cristianismo a religião que se mostrou como um alívio momentâneo para a culpa desse homem, apresentando um Deus que é crucificado para redimir todas as nossas culpas, ou pelo menos, a maioria. Assim sendo, a consciência de culpa teve origem no conceito de dívida, dívida para com os antepassados e para com um ser divino que às vezes, nem mesmo o sacerdote o sabe definir. Assim, o sentimento de uma dívida para com a Divindade apenas cresceu no desenrolar dos séculos, e as próprias guerras, fusões étnicas e culturais, comprovaram o progresso da universalização do império e do divino, esta última, caminhando sempre para o monoteísmo, produzindo em nós; “[...] o máximo do sentimento de obrigação. [...]. Mas, o triunfo completo e definitivo do ateísmo há de libertar a humanidade de todo o sentimento de obrigação com respeito à sua “causa prima”. O ateísmo é uma “espécie de segunda inocência.” (NIETZSCHE, 2007, p.57)

Ocultamente, a obrigatoriedade para com Deus, está apoiada em um instrumento de tortura que nos obriga a dialogar com um ser superior que não aceita expressarmo-nos instintivamente com o nosso próprio “eu”, desenvolvendo em nós uma “má consciência”, mas que, para o cristianismo, é um caminho às recompensas futuras. Para Nietzsche, a moral cristã é apenas uma consolação para os que vivem no sofrimento, afastando-lhes da dor que é tão salutar para o desenvolvendo do indivíduo. Portanto, a moral cristã torna o homem doente.

[...] Oh, triste e louco besta humana! A que imaginações contra naturam, a que paroxismo de demência, a que bestialidade de idéia se deixa arrastar, quando se lhe impede ser besta de ação!... Tudo isso é muito interessante, mas quando se olha para o fundo deste abismo, que isto é uma doença, a mais terrível que tem havido entre os homens e aquele cujos ouvidos sejam capazes de ouvir. [...] (NIETZSCHE, 2007, p.59)

Nietzsche assina a moral cristã como falsa. Porém, a “moral aristocrática”, a “moral dos senhores” que não conteria a ética do bom e do mau (mas que os considerariam como tipos históricos, com modos de vida e regras pré-estabelecidas), essa “moral dos fortes” que seria voltada para a satisfação dos instintos da vida será, de certa forma, também responsável pela “sacralização da moral cristã”.

Por muito tempo o “escravo” (ou o menos “afortunado”) foi o fraco, o melancólico que chamava malvado o “aristocrata”, este que era o representante do que era forte, positivo e virtuoso. A moral judaico-cristã, inverte totalmente esses valores positivos e negativos da sociedade e dos componentes dessa ética aristocrática, tentando “aliviar a existência daqueles que sofrem”. Cria-se um niilismo4.

A moral cristã não seria a manifestação de uma vontade forte (ou dos fortes) que excederia a vontade interior, ou de uma virtude desprendida, mas seria acima de tudo, a manifestação de uma vontade fraca que deseja uma potência que não tem, ou que não consegue encontrar em si mesmo com parte de um Todo, desvencilhando suas possibilidades de entendimento apenas para a “boa consciência”.

2 UMA ANTROPOLOGIA COSMOLÓGICA

Ao que se refere a postura do homem dirigir o seu olhar para uma totalidade sem fronteiras, sem forma, sem limitação a que essencialmente pertence, Nietzsche propõe um duplo combate: contra a tradição ocidental e também contra as “ideias modernas”, na qual vigora a questão do igualitarismo e da racionalidade planificada.

A essencialidade do homem é tratada por Nietzsche como algo possuidora de várias facetas interpretativas. Teremos formas densas e formas sublimes, até refinadas, mas nunca estáticas. A mais densa, entretanto, será o homem como um “animal de rapina”; astuto, sagaz e que usa toda a sua inteligência e força para dominar os menos “ousados”. Mesmo assim, é uma metáfora, pois não podemos situar o homem no reino animal, não de forma tradicional, onde a sagacidade é sinônimo apenas de “estrutura potente”. No homem, a força e a fraqueza, a saúde e a doença tomam significados mais elevados, tornando-se critérios axiológicos para o entendimento de sua essencialidade, esta, não no plano clássico da própria palavra “essência”, e sim na perspectiva do devir.

Não será o bom senso, nem a retidão moral ou a devoção religiosa os critérios de validade do que seja o homem, mas daquilo que o homem produz, do produzir-se, do criador de si mesmo é que a sorte da essência humana depende. Assim, o filósofo propõe uma “potência criadora” como ferramenta de vida prospera para o homem. Temos então, a imagem do homem que se volta sobre si mesmo e não para acima de si ou para os lados.

[...] A desmisficação das bases demasiados humanas do pretenso além-homem provoca o desmoronamento do céu religioso, metafísico e moral que, esquecido de si mesmo, o homem erigiu acima de sua existência; de maneira ainda mais decisiva, ela produz uma transformação na situação fundamental do homem, uma metáfora de sua existência. A partir de então, não é mais no exterior, mas em si mesmo que o homem busca os fins de sua mais alta esperança. [...]. (FINK, 1995, p.174)

Não dependendo de um sentido preestabelecido, o homem é livre, tão livre quanto o profeta Zaratustra, que sabia que não é no exterior conceitual, mas em si mesmo, que o homem buscará os fins e os meios de seu autoconhecimento. Podemos assim, falar em uma “antropologia cosmológica” no pensamento nietzschiano, quando se percebe o ser do homem e o Universo solidamente ligados um ao outro, e principalmente, quando “o homem escapa a si mesmo”.5

Para Nietzsche, este seria o primeiro passo do homem em seu processo de distanciamento da “pura animalidade” e a realização do domínio/integridade com a natureza. Mas, assim como Freud, também nega, ao que se refere aos impulsos e instintos, a completa superação da animalidade do homem pela racionalidade, devido, principalmente, a permanente “atuação conflituosa” desses impulsos em oposição àquela faculdade. Entretanto, é nas multiplicidades dos impulsos que o homem escapa a si mesmo, na desconstrução da noção de “sujeito do conhecimento formulado ou pré-estabelecido”, o homem percebe que o mundo não é múltiplo, mas ele próprio dirige múltiplos olhares para aquele.

1Discente do Curso de Licenciatura em Filosofia da Universidade Federal do Maranhão.

2 Em sentido literal e estrito, o termo genealogia nos remete ao estudo da gênese das coisas, que seja; “[...] de um modo de saber que investiga origens” (VAZ, 2006, p. 94). Daí, podermos fazer e refletir sobre a genealogia de uma família, de uma nação ou do próprio homem.

3 Nietzsche defende que é preciso pensar em uma nova genealogia da moral, que seja diferente daquela idealizada pelos psicólogos ingleses de sua época (séc. XIX), que eram os representantes dessa genealogia.

4 Na obra A genealogia da moral há uma breve definição esse tipo de niilismo a partir de suas três figuras principais: o ideal ascético, o ressentimento e a má-consciência. O ressentimento seria o predomínio das forças reativas (dos oprimidos) sobre as forças ativas e a má-consciência seria o sentimento de culpa, que teria, segundo Nietzsche, uma dupla origem: “[...]A primeira é a transformação do tipo ativo em culpado que se deu com o nascimento do Estado, “a mudança mais profunda que se produziu na humanidade. [...]O segundo modo de surgimento da má-consciência é a transformação do ressentido em culpado realizada pelo padre ascético[...]” (MACHADO, 2008)

5Segundo Eugene Fink (1995, p.180) “[...] O homem espaça a si mesmo quando ‘se pensa, finalmente’ – no sentido nietzschiano – como projeto criador. Ao suprimir, ele próprio, seu ser de homem, remonta a um fundamento de todas as coisas. [...].”

REFERÊNCIA

ARLT, Gerhard. Antropologia filosófica. Trad. de Antônio Celiomar P. de Lima. Ed. Vozes, Petrópolis, 2008.

FINK, Eugene. Nova experiência do mundo em Nietzsche. In Nietzsche hoje? Colóquio de Cerisy. Trad. Milton Nascimento e Sônia S. Goldberg. Ed. Brasiliense, Brasília, 1995.

MACHADO, Roberto. Genealogia da moral e vontade de potência em Nietzsche. 2008. Disponível em: http://www.joevancaitano.blogspot.com. Acessado em 12/01/201.

NIETZSCHE, Friedrich. A Genealogia da Moral. Trad. Joaquim José de Faria. São Paulo; Centauro, 2007.

VAZ, Henrique C. de Lima. Antropologia Filosófica I. Editora Loyola, São Paulo, 1991.

17 de jan. de 2011

Um fotógrafo : David Houncheringer


O fotógrafo David Houncheringer é suíço, possui um estilo absurdo de humor negro e é fã do DEXTER (quem não é!). Com obras bastante simples e estranhamente ousadas, David parece possuir dois temas centrais: a espera e a morte. As imagens do trabalho “Do you want to die today”, de 2007 parecem retratar cenas reais de crimes e suicídios. Blood is CUT!