3 de out. de 2009

Poeme-se


Escrever no mundo.

F.M.



Escrevo, e ninguém tem nada com isso!

Mas gostaria que todos lessem.


Escrevo porque há muito espaço,

mas pouco tempo.

Escrevo porque, há muito tempo,

peço espaço.


Escrevo para clarear,

confundir,

reagir.


Para não falar

Mas sentir e motivar.

Tornar tudo inverossímil e avaliar.


Escrevo na noite silenciosa,

sob uma luz ociosa,

numa folha sem pautas,

ansiosa.


Por vezes, linhas putas,

devassas,

só passado.


Outras, acanhadas,

precipitadas,

utópicas.

Escrevo distraidamente,

inconscientemente,

rente, na frente,

como arrotos.


Às vezes, frases disfarçadas,

dissimuladas.

Palavras-deslizantes,

todas cúmplices.


Outras, orações de súplica,

envergonhadas.

Sujeito-oculto,

todo errante.


Escrevo para criar força, identidade, emoção.

Alma a escrever, corpo a decifrar.

Tudo para ser, para entender.

Escrevo como missão.

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