10 de jan. de 2010

Ato Falho - Baby Jane ?

Um filme: Saló


Lendo, certa vez, uma crítica sobre as obras de Pasolini, alguém disse que passaria muito bem sem as tê-las visto. Eu também.
Infelizmente, tal cineasta italiano sempre fora citado em quase todas as matérias sobre o cinema independente (ou transgressor, ou mesmo; imoral), que eu lera quando jovem.
Lembro que a revista SET gostava dele, dizia que; “além de ter sido poeta, romancista, ativista (com ampla formação humanista e marxista), etc., o italiano Pier Paolo Pasolini era um cineasta extremamente eficiente no que se propunha a fazer, e mais, um artista que não só provocava controvérsias, mas buscava respostas sobre a “condição humana”.
Quando tive a oportunidade de contemplar suas obras fílmicas, confessor que iniciei com as obras erradas, primeiro Épico Rei, depois; Medeia, obras que, ao meu ver, são teatralizadas demais por Pasolini, apesar de serem o que são, mas que, posteriormente analisadas, simbolizam magnificamente o desespero humano diante do destino, independente da época, local ou posição de poder.
Até pensei que deveria ter “passado” sem ter visto as obras do Pasolini. Ficariam as expectativas sobre um cineasta que afirmavam que conseguia criar imagens com alta densidade intelectual, ser revolucionário, mas ao mesmo tempo independente e que certa vez afirmou; “ a miséria é sempre épica em sua essência mais profunda”.
Nas obras citadas eu não conseguir ver o cineasta que ajudou a revolucionar a forma de se fazer cinema na Europa, o artista que denunciava o fascismo, a presunção da burguesia e subserviência dissimulada do proletariado. Penso que as procurei nas obras erradas.
Então encontro Saló, ou Os 120 dias de Sodoma, aquele filme do qual todos falavam, aquele filme que a SET publicou sua ficha-técnica junto com tantas outras preciosidades, o filme-testamento de Pasolini, a obra do qual eu possui um receito/desejo estremado de assistir. Enfim, Saló...
Logo nos créditos iniciais tenho as minhas primeiras surpresas. O roteiro é de Pasolini e Sergio Citti, baseados (claro!) na obra 120 Dias de Sodoma, do Marquês de Sade e em Dante com texto de Roland Barthes (!), conta também com a colaboração de Danilo Donati (figurinista de Calígula e A vida é bela) , Tonino Delli Colli (fotógrafo de O Nome da Rosa) e do mestre Ennio Morricone (compositor de trilhas sonoras de obras como; Era Uma Vez no Oeste, Era Uma Vez Na América, A Missão , Os Intocáveis e Cinema Paradiso).
Saló não é uma obra degradante, é uma obra sobre a degradação humana, nem é como dizem por aí, um filme constrangedor, é sobre o quanto desprezíveis ou dóceis podemos ser diante do poder, e sim, é um os 10 filmes mais controversos da história do cinema, mas não te chocará gratuitamente.
O enredo é simples; na pequena república de Saló, dominada pelas tropas de Mussolini, quatro libertinos fascistas humilham e torturam um grupo de jovens. As ações de torturas se sucederão em quatro ciclos – o Antiinferno, o Ciclo das Paixões, o Ciclo da Bosta e o Ciclo do Sangue.
O filme é cruel e nos feri a cada cena, mas exerce também em nós um youverismo que tentamos não admitir, mas o temos quando estamos diante das festas orgíacas de Saló, e que, por sinal, está também presente no nosso dia-a-dia quando compramos aqueles jornais que escarram sangue.
Penso que ninguém assistiu Saló sem uma alusiva “tarja preta” que avisasse que estaria diante de um filme que enfocando a repressão e o abuso do poder da forma mais realista possível. Se alguém o assistiu, e mesmo assim preferiria não o ter visto, na verdade apenas assistiu um dos filmes mais ultrajante e agressivo da história do cinema, e deixou de lado a “apresentação” (“e não, representação” como nos corrigia o profº Wandeilson) da degradação do espírito humano sob o jugo da autoridade, algo muito presente nas atuais guerras e ditaduras.
Acima o pôster original e do DVD (importado). Ao lado, semelhanças.

7 de jan. de 2010

Um filme: O Assassino Horrivelmente Lento Com A Arma Extremamente Ineficiente..


Um dos filmes mais assustadores de todos os tempos possui um título que pode afugentar alguns apreciadores de filmes de horror. Mas não se enganem, “O Assassino Horrivelmente Lento com a arma extremamente ineficiente”, é um daqueles filmes que vai fazer você sentir aquele frio na espinha que tanto anseia ter quando vai ao cinema, mas infelizmente se decepciona com algum serial killer pedófilo que só sabe correr atrás de garotinhas inocentes, loiras e semi-nuas.

Perto desse extraordinário evento cinematográficos O albergue parece mais Férias frustradas na Europa e Jogos Mortais é tão infantil quanto Jumanji. A obra ganha maior credibilidade quando sabemos que é inspirado em eventos reais, o que o torna bem mais interessante que Atividades Paranormais na caracterização dos personagens (percebam como o assassino daquele é a própria personificação do MAL , mas é tão bem construído que poderia ser um vizinho qualquer, diferente do Atividade que nem tem vilão, Ops!), e bem melhor que Contatos do 4 grau, pois não precisa de montagens mirabolantes para criar um clima de pavor e nem utilizar atores amadores para fazerem de conta que estão dando depoimentos reais (Ops!2).

O filme já arrecadou quase 1 bilhão nos EUA, só ficando atrás de Avatar ( que logicamente já arrecadou... mais de 1 bilhão), mas se tratando de um filme sobre um assassino, ele está bem posicionado (que piada maldita!). É claro que já se fala em uma continuação e até um novo diretor: Peter Jackson, tudo especulações, mas Tom Hanks, Julia Roberts e Jack Black já se mostraram interessados. Sem mais delongas, gostaria que vocês dessem uma olhada no treiler dessa obra sem precedentes. Precavendo que, algumas cenas são muito fortes para pessoas sensíveis ou com problemas cardíacos.