14 de abr. de 2010

Cartazes: Simples e Belos

São cartazes que primam pela simplecidade e criatividade. Destaque para o cult-sessão-da-tarde; O Corcel Negro e para THX 1138. O primeiro foi produzido em 1979 (vocês acreditam!) e tornou-se um clássico juvenil por exelência, apesar de não ter nenhum diálogo por quase uma hora e possuir uma estrutura por vezes arrastada. É uma emocionante estória de superação e possivelmente deve ter contribuido para que muitos garotos sairem de casa e enfrentassem seus medos e frustações. Já o segundo, para quem não sabe, foi o primeiro filme dirigido por George Lucas, que posteriormente faria as duas trilogias de Guerra nas estrelas. A obra também prima por poucos diálogos e é bem pessimista em relação ao futuro da humanidade. Possui uma cenagrafia que por se só nos parecer ser um personagem. É um filme difícil por ser, de certa forma, introspectivo, talvez por isso, singular dentre as superproduções hollywoodianas.














11 de abr. de 2010

Duas peças: Pai e Filho e Esperando Godot

As duas peças que eu assitir por esses dias.

Pai e Filho – A peça é uma dramatização de algumas cartas do escritor Franz Kafka endereçada ao seu pai. Simples assim. Não vou negar que fui assisti-la com certo receio, quando, a algumas semanas atrás (mais especificamente, na V Semana de Teatro do Maranhão), apreciei algumas peças locais que primaram pelo experimentalismo. Nada muito pós-realista, ou eram?

- Espero que não coloquem o Kafka dentro de uma redoma de vidro que encherá de água enquanto o mesmo não perdoar ao pai pela indiferença e pelos maus-tratos dados à mãe; pensei, enquanto sentava na última fileira de cadeiras que estavam em uma posição estratégica para que todos os cem convidados vissem toda a ação.

Não foi o que eu esperava. Com uma entrada “triunfal”, fui apresentado a uma relação pai-e-filho tão comum e castra quanto muitas que observamos por aí. Entretanto, esta relação tinha como um dos integrantes, aquele que é considerados um dos escritores contemporâneos mais originais e criativos da literatura mundial. Seu pai, mesmo que homem bruto, não poderia ser um homem bruto qualquer. Estávamos diante de um homem rude, mas que não deixava faltar nada ao seu sonhador filho, talvez, apenas atenção. E é isso que eu sentir ser a grande decepção do filho. O conflito se faz com diálogos curtos, frases curtas, palavras que ferem. Por alguns minutos ( muitos, falando sinceramente!) agradece a Deus por não ter corrido esse risco, quando só vim a conhecer o meu quando adolescente.

Foi um espetáculo pequeno, ao que se refere a duração, e com uma cenografia cuidadosa e interpretações memoráveis. O Cláudio Marconcine (sei o nome dos atores pelo oportuno e elucidativo informativo entregue na entrada) faz um pai que oscila entre a fúria e a afeição, que ama seu filho mas não sabe como revelar-se um amigo. Poucas vezes, durante a própria execução do ato cênico, me pequei pensando no quanto o ator se doa para compor uma personagem. Por vezes, a rigidez física do pai era tanta que eu sentia as minhas pernas rígidas como se toda aquela tensão estivesse a me contaminar. Voz, postura, nenhuma palavras a menos, nenhum gesto a mais, o cara ganhou um fã. Quanto ao ator que interpreta o filho (Marcelo Fecha), no inicio pensei que ele não fosse adequado para o papel. Imaginava um Kafka mais jovem, até adolescente. Mas no desenvolver da peça, ficamos sabendo que o mesmo já deveria ter se desvinculado da família à muito tempo. Não era um garoto, era um homem desejoso, mas temeroso. A partir daí, vi qulidades na interpretação do Marcelo e como o papel lhe caía bem, pelo tipo meio franzino, pela voz um pouca nazalenta e semblante triste, pelo corpo aparentemente relaxado, mas com os ombros tensos,. Não, não eram características do ator, era, como possivelmente falam no teatro; “um belo trabalho de composição de personagem”.

Esperando Godot - a peça foi baseada na obra homônima de Samuel Beckett. Logo na entrada, distribuíram folhas secas pelo corredor que levava aos assentos, um pouco de fumaça artificial e uma música que completava o clima de mistério. Ao voltar do banheiro, Rodrigo criticou o comentário de um rapaz que estava sentado atrás de nós e que é também ator (destes que fazem versões apimentadas de estórias infantis). Disse o mesmo; - Fumaça artificial é tão univertário ! – Rimos do despeito.

Gostei da peça. Mas faltou alguma coisa pra mim. Faltou informação. Sou leigo como apreciador das artes cênicas, mas sou ciente que nem tudo que nos é apresentado pode ser ‘degustado” num primeiro contato. Algumas obras literárias não se entregam ao leitor de imediato, precisam ser lidas e relidas, por vezes até decifradas. Imagino que algumas peças teatrais também precisam de tal entrega do observador. Deveria ter lido um comentador antes.

Não culpei os atores por não ter entendido algumas questões levantadas por Beckett, apesar de achar que poderiam ter colocado mais informações no folheto de divulgação. Neste caso, o próprio folheto responde a minha sugestão, quando escolheram como epígrafe a frase “Não percamos tempo com palavras vazias” do Berckett.

Sendo assim, descrevo o que apreendi. A questão da dominação, que mesmo quando desdenhada pelos humildes, torna-se uma alternativa positiva se o inverso (a (re)conscientização da condução de submissão) atingir contrariamente as intenções e pretensões destes mesmos miseráveis. A questão do tempo, a meu ver, um tempo bergsoniano (do filósofo francês Henri Bergson), no qual cada indivíduo constrói seu tempo e espaço de consciência, dependendo, neste caso, de alguns fatores externos e internos (psique). A espera do “algo melhor” da “boa-nova’ e o não aproveitar do agora para se construir o “por ir”. Tudo muito bem metaforizado e bem interpretado.

Não sei de foi intenção dos atores (dos dois protagonistas), mas os personagens receberam uma pintura “caipiresca”, e sabem, imagino que isso aproximou mais o público com o texto. Também não notei improvisação nesta peça, algo que precisa ser também elogiada, sendo que, seria muito fácil os mesmos criarem uma adaptação, resumir o texto ou utilizar outros materiais cênicos (e mais contemporâneos) para passar certas mensagens. Foram decisões artísticas elogiosas e nada acadêmicas.

3 de abr. de 2010

Um filme: Chico Xavier

Algo inusitado aconteceu na primeira sessão do primeiro dia de exibição do filme sobre a vida do médium Chico Xavier na minha cidade. Ninguém conseguiu sair até os últimos minutos dos letreiros finais. Isto porque, simultaneamente estava sendo mostrado, em uma tela menor, o próprio Chico respondendo algumas perguntas no programa Pinga Fogo, programa este, na qual se desenvolve o enredo do filme. Ao sair, notei que alguns espectadores estavam ou sorrindo, ou com lágrimas nos olhos e outros tentando disfarça as duas coisas. Eu me encontrava neste último grupo.

Um turbilhão de sentimentos invadiu a minha alma; alegria, admiração, orgulho, tristeza e fraternidade. Será difícil esquecer tal sensação. Nesta perspectiva, também será complicado tentar fazer criticas ao filme, cometer justiças ou injustiças. O certo é que, a história do mineiro Chico Xavier é tão cheia de (e aí vai outro turbilhão de adjetivos!) dedicação para com o próximo, de ensinamentos, superações e desapego material que imagino que poucos roteirista teriam a capacidade criativa de inventar tal história.

Penso que em uma coisa todos vão concordar, o filme proporciona uma bela homenagem ao maior médium brasileiro. Uma figura amada pelo povo brasileiro e que profeticamente anunciou que desencarnaria num dia em que todos os brasileiros estivessem felizes. Chico Xavier desencarnou no dia 30 de junho de 2002, dia em que o Brasil sagrou-se pentacampeão mundial de futebol. Imagino que esta obra fílmica fará com que muitos brasileiros tenham a oportunidade de chorar por uma perda tão grande, mas um choro de orgulho e esperança de um reencontro.