9 de abr. de 2009

Os cartazes - Parte I
























Uma coisa que sempre me fascinou foi cartaz de filme, ou o famoso “pôster”. Não existe definição melhor do que dizer que eles são os primeiros comerciais de um filme, digo ‘primeiros”, porque há muito tempo as distribuídas estão criando mais de um, e depois, claro, aparecem os famosos trailers. Mas no princípio era o cartaz.
Um dos primeiros que vem à minha mente é o cartaz do filme “A filha dos trabalhões”, não por acaso, foi o primeiro filme que eu assistir no cinema. A história é engraçada. Minha mãe queria fazer compras na Rua Grande e resolveu me deixar no Cine Passeio (que Deus o tenha!), pois eu não queria sair da frente do pôster. Depois de conversar com os bilheteiro ficou acertado do mesmo me posicionaria na ultima fila, perto da entrada, para facilitar a procura quando a minha mãe voltasse. E então as luzes se apagaram.
Fiquei maravilhado, não pelo filme (que era muito engraçado, pelo menos eu achava!), mas pela própria estrutura daquele prédio, aquelas caixas de som, as milhares de poltronas (assim eu via, ou imaginava) e claro, aquela televisão de 10 mil polegadas. O que era aquilo? Para um menino que até então só assistia filmes (muitos, á propósito) em uma TV de 14, aquilo era o paraíso. Ninguém batendo na porta, ninguém mandando você almoçar, ou jantar, ou dormir, ou respirar. Ninguém, só você e um mundo que alguém criou e que durava uma hora e meia. Fiquei tão deslumbrado que, quando a minha mãe chegou (atrasada, já que eu estava assistindo a sessão seguinte), ela não me encontrou na poltrona que o bilheteiro tinha dito que eu estava. Houve certo “PÂNICO”, algumas pessoas me procurando e só alguns minutos depois é que eu percebi uma lanterna iluminando o meu rosto. Eu estava na primeira fila e tinha sete anos de idade. A partir desse encontro, que se transformou em uma paixão avassaladora e dura até hoje, a primeira coisa que indicava e indica os nossos constantes encontros é o cartaz fixado em uma moldura de vidro na porta do cinema.
Os pôsters de cinema possuem sua história, antes não existiam trailers e toda a publicidade era feita através do cartaz e das fotos promocionais que chegavam poucos dias antes do filme ser exibido, era na maioria desenhos (muitos realizados por grandes artista mundiais), quase sempre dos rostos dos protagonistas, depois começou a ser utilizados técnicas encima das fotos das personagens e mais tarde as fotos propriamente ditas. A década de 70 foi a mais crua, sem muita “frescura’; foto, título, subtítulo e pronto!. A de 80 é a mais fraca nos E.U.A, a mais sensual no Brasil (quem não se lembra das obras adaptadas do Nelson Rodrigues e do Jorge Amado) e as mais criativas na Europa (na minha opinião, claro) e a de 90 a de transição. O século XXI trouxe um design de posters e de cartazes promocionais sedento em aproveitar as mais sofisticada tecnologias para impactar o público cinéfilo, mesmo porque, surgiram vários programas que ajudam até um amador a criar um cartaz para o novo filme do Coppola.
Se você parar para refletir, os cartazes muitas vezes, nos impulsionam. Que jogue a primeira pedra quem nunca levou uma “bomba” para casa depois de passar em uma locadora e escolhei um filme só por causa da capa, e não estou falando de filmes eróticos.
Recentemente uma revista escolheu os cem melhores cartazes de todos os tempos, concordei com esses que estão aí. Claro que deve ter havia vários critérios, como; aspecto histórico, design gráfico, a velha e insubstituível criatividade e o fascínio que a obra causa nas pessoas. Fascino, só isso pode justificar a presença do cartaz do filme Showgirls entre os laureados.
Por coincidência, ele já estava entre os que eu tinha escolhido como os meus preferidos. Houve até uma polêmica por causa da denúncia de um certo plágio, pois já havia uma obra parecida e também, claro, os americanos torceram os seus narizes arrebitados e não aceitaram o cartaz. Lembro dos meus amigos do Liceu ficarem babando diante do cartaz, até eu o queria.
Entre os premiados, sou apaixonado pelo de Laranja mecânica (quem não é?), Beleza americana (simples e triunfal), Nosferatu (apesar de nunca ter assistido ao filme),Dogville, Pulp Fiction (também gosto do Kill Bill) e Um corpo que cai. Entre as coincidências estavam O ultimo tango em Paris e O exorcista , dois pôster que, por se só já nos oferecem uma amostra do que vem pela frente.
Estranhamente alguns dos filmes que eu mais gosto tiverem cartazes duvidosos, os musicais Fama e Flashdance são exemplos. O primeiro (apesar de possuir um outro com um casal ao piano) só tinha o nome do filme, o segundo era um enorme fotografa com a “Alex” descansando, nada que um bom “boca a boca’ não resolvesse e os filmes se tornassem fenômenos de bilheteria.
Outros dois cartazes que me fascinaram foram os de “Drácula” (pensei até em quebrar o vidro do Cine Passeio) e o de Beleza Roubada, na qual alguns garotos alemães não só pensaram, mas roubaram todos os cartazes em que a Liv Tyler estava fazendo aquele ‘biquinho” lindo. O filme é do Bertolucci, e pensando bem, todos os cartazes dos filmes do diretor são fantásticos, veja o do Pequeno Buda e Os sonhadores e digam se estou errado.
Os cartazes de Magnólia e Paris, eu te amo, já nos oferece uma pequena porção do que iremos encontrar, são duas obras de arte, sem dúvida. Também gosto muito dos posters de O silêncio dos inocentes e Notting Hill, são exemplos de cartazes que você não entende muito bem, porém, quando saímos do cinema os vemos com outros olhos. E por fim os cartazes do Pedro Almodóvar, todos muito criativos, coloridos, espalhafatosos, geniais...Como tinha que escolher só um , escolhi o de Volver. E os seus , quais os pôsters da sua vida ?

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